Categorias
Cultura

Os melhores filmes de 2015

Os nossos doze favoritos do ano.

Quem chegou primeiro: o presépio do menino Jesus ou as listas de fim de ano? Difícil dizer, mas chegou aquele momento em que todo mundo dá aquela olhada pra trás e vê o que de melhor (e pior) aconteceu. Nos próximos dias, publicaremos uma série de listas sobre os filmes, séries, discos, músicas e livros que nos marcaram em 2015.

Já falamos das séries e músicas que mais gostamos no ano, e agora vamos pra telona. 2015 não foi um dos anos mais incríveis do cinema e até tivemos uma certa dificuldade para fechar essa lista, mas eis os títulos que mais nos marcaram no ano:

Force Majeure

Se você for pego só pela sinopse, pode achar que é um filme de ação desses envolvendo desastres naturais. Não é nada disso, mas não deixa de ser impactante: “Force Majeure” é a história de um princípio de avalanche que abala as estruturas de uma família que esquiava nos Alpes. O filme intercala incríveis cenas apáticas do cenário nevado com situações cotidianas de uma família ruindo. A história e as atuações são um símbolo da derrocada de Tomas, o pai, e a crescente indignação de Ebba, a mãe. Uma história sobre moral, realidade, verdade e o homem e a mulher em tempos modernos. [Leo Martins]

Straight Outta Compton: A História do N.W.A.

É um pouco assustador pensar que demoraram tanto tempo para contar em filme uma das histórias mais incríveis da música americana. A criação do N.W.A., um dos grupos mais importantes da história do rap, envolve muita treta, tiro, vadiagem, afirmação racial, polícia nervosa e a explosão de Compton, na Califórnia, como um dos berços do hip hop. A escolha dos atores foi acertada demais – O’Shea Jackson Jr, que interpreta o Ice Cube, é filho do próprio – e o filme não esconde os demônios que cercaram e cercam até hoje Dre, Eazy E e todos os outros filhos de Compton que revolucionaram a música e a relação das tensões sociais que uma só música (“Fuck the Police”, no caso) pode causar. [LM]

Leviatã

Mesmo antes de entrar em cartaz nos cinemas russos, Leviatã causou. Sofreu duras críticas e fortes ataques do governo e da igreja ortodoxa, que acusaram o diretor Andrey Zvyagintsey de difamar o país comandado por Vladimir Putin. Já seria um bom motivo para assistir ao filme. Mas Leviatã é muito maior que isso. Fala de abuso de poder, injustiça, corrupção e impotência por meio da dramática história de Kolya. Morador de uma península no extremo norte do país, tem a propriedade herdada da família tomada pelo prefeito da cidade, que quer construir no terreno um empreendimento lucrativo. Vencedor dos prêmios de melhor roteiro em Cannes e melhor filme estrangeiro no Globo de Ouro, Leviatã é pesado demais. Triste demais. E ainda, assim, bom demais. [Mariana Castro]

Ex-Machina: Instinto Artificial

Uma pena que não tenha entrado no circuito do cinema nacional – chegou aqui direto nas locadoras e serviços de aluguel por streaming. O primeiro filme de Alex Garland conta a história de Caleb, funcionário de uma empresa descolada (provavelmente do Vale do Silício, claro) que ganha o direito de passar uma temporada com o chefão da empresa, Nathan, em um local isolado para ajudá-lo a testar uma nova tecnologia revolucionária. A tecnologia em questão é um robô, Ava, que é tão real em seus sentimentos e expressões que assusta. A relação criada pelos três nessa esquisita casa é o suficiente para criar um ótimo filme. Para completar, Nathan é vivido por Oscar Isaac em mais uma atuação espetacular, uma espécie de Mark Zuckerberg mesclado com Steve Jobs. [LM]

Perdido em Marte

Ficção científica não é um gênero pra todo o mundo. Quando minha mãe acha que um filme de ficção é um dos melhores do ano, é porque algo deu certo. “Perdido em Marte” é um filme engraçado, muito mais que várias comédias tradicionais por aí. É uma história sem vilão, em que você sabe qual vai ser o final, e mesmo assim não deixa a peteca cair. O que interessa não é tanto o que vai acontecer e nem que dificuldades aparecem, mas como um astronauta sozinho em Marte dribla essas dificuldades para sobreviver. Ridley Scott consegue fazer a ciência divertida até para quem só gosta de humanas. É bem divertido, e às vezes é isso que basta. [Fernanda Reis]

Mad Max: Estrada da Fúria

Continuar uma série querida por muitos e que já ganhou ares nostálgicos é sempre complicado. Por isso a escolha de George Miller para dirigir novamente um filme da série “Mad Max” foi acertadíssima. Contando uma história simples e sem muita complexidade, Miller conseguiu causar um enorme impacto visual (o guitarrista-lança-chamas é um marco do ano) e também explicitou as diferenças entre os anos 80 e o agora (Max, vivido por Tom Hardy, é apenas um coadjuvante perto de Furiosa, interpretada por Charlize Theron). É daqueles filmes para ver no Imax, sair embasbacado e depois chegar em casa e pensar em todos os pequenos detalhes e nuances que couberam no meio daquela loucura toda. [LM]

Olmo e a Gaivota

Abordar o tema da gravidez de um jeito poético, contemporâneo e ao mesmo tempo livre de clichês não é pouca coisa. É o que fazem as diretoras Petra Costa (de Elena) e a dinamarquesa Lea Glob em Olmo e a Gaivota. Mas ao acompanhar os atores do Theatre du Soleil, Olivia e Serge, enquanto aguardam a chegada de seu primeiro filho, o documentário também acerta na linguagem. Há discretas, mas relevantes, interferências das diretoras nas cenas entre os protagonistas. Depois de um sangramento, Olivia passa os meses de gestação dentro de casa, em repouso. É nesse período que as filmagens acontecem. Quando a atriz, às vésperas de viver um grande momento na carreira com a peça Gaivota, de Tchekov, abre mão dela e da liberdade, à espera de Olmo (nome do bebê). As imagens do corpo, da barriga, da transformação de Olivia são de uma beleza delicada. Mas não por isso, menos poderosa. [MC]

A Corrente do Mal

É claro que não é fácil traduzir o título original “It Follows” para português, mas a escolha de “A Corrente do Mal” passou a impressão de que o filme de estreia de David Robert Mitchell era só mais um filme de terror pastiche e cheio de clichês. Nada disso. “A Corrente do Mal” é um dos melhores filmes de terror dos últimos tempos exatamente por não seguir nenhuma dessas fórmulas e utilizar a câmera e o espaço de forma completamente diferente do convencional. A história de uma adolescente perseguida por algo que a persegue de forma implacável (daí o título original) é contada com maestria e ótimo gosto. Não é a salvação do universo do terror, mas assim como “The Babadook” foi no ano passado, “A Corrente do Mal” é um suspiro de novidade em um mercado saturado de repetições. [LM]

Phoenix

“Phoenix” é zero divertido. Longe disso: é uma história triste, sobre os traumas da guerra, identidade e culpa, que se passa logo depois da Segunda Guerra. É um período menos explorado no cinema e “Phoenix” parece mesmo algo completamente novo, sem clichês. Com o rosto desfigurado num campo de concentração, uma cantora judia ganha uma cara nova numa cirurgia e a chance de recomeçar a vida. Ela decide, porém, ir atrás do marido que a tinha traído e a entregado aos nazistas, escondendo dele a verdadeira identidade. A história é tensa, com uma bela cena final. [FR]

Que Horas Ela Volta?

Depois do sotaque de Wagner Moura em “Narcos”, foi uma das produções que mais rendeu discussões no ano. Falta um pouco de sutileza ao filme: a trama toda com o patrão que dá em cima da filha da empregada é constrangedora e desnecessária e a patroa vira uma caricatura, praticamente uma vilã de novela. Mas Regina Casé está maravilhosa (e lembra que é mais do que a apresentadora do “Esquenta”) e é um filme que toca de alguma forma todo o mundo sem ser panfletário e sem deixar de lado o humor. [FR]

Star Wars: O Despertar da Força

J.J. Abrams deve ter comemorado horrores a estreia do seu “Star Wars”. O filme voltou às origens e fez jus às (altíssimas) expectativas do público e da crítica (mesmo com algumas questões). O sétimo episódio da série aplaca a nostalgia das pessoas com o retorno dos personagens principais da trilogia original e com um enredo que lembra bastante “Uma Nova Esperança”. Mas as novidades que traz são legais: tem boas cenas de batalhas, personagens novos interessantes e boas atuações. É um filme bem divertido. [FR]

Foxcatcher: Uma História que Chocou o Mundo

“Foxcatcher” é um filme perturbador. Em vários aspectos. A história chocante e real na qual é baseado, embora envolva um milionário de uma tradicional família americana e dois irmãos lutadores de luta livre, ambos medalhistas de ouro na Olimpíada de 84, é pouco conhecida. Por isso, apesar dos fatos, o final trágico surpreende. A atuação dos atores é de tirar o chapéu. Steve Carell está brilhante e irreconhecível no papel do ricaço excêntrico Jonh Du Pont – que lhe rendeu a primeira indicação ao Oscar. Pelo olhar do diretor Bennett Miller, vencedor do prêmio de melhor direção em Cannes em 2014, “Foxcatcher” trata de homossexualidade velada, da relação mal resolvida entre uma mãe controladora que blinda o filho mimado e protegido, de carência, poder e obsessão. Sem que nada disso dê conta de explicar o que leva alguém a uma atitude extrema. Perturbador. [MC]

 

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *