“Praise the Lord!”, pede o pastor.
“Hallelujah!”
“Praise the Lord!”, ele pede mais uma vez.
“Hallellujah!”, cem pessoas respondem com mais força.
“Praise the Lord!”, comanda Fabian Nwezay, mais intenso, em um terceiro pedido que quase estoura as quatro caixas de som do salão.
“Hallellujah!”, dizem todos os presentes, alto, forte e com fé, na manhã de um domingo qualquer de verão – no centro de São Paulo.
São 10h43. A missa é em inglês. Os fiéis são quase todos imigrantes africanos, na maioria nigerianos. Várias cadeiras estão vazias na primeira parte da cerimônia da igreja pentecostal Assembleia Cristã Dia de Primavera, na rua Guaianases, ao lado da Praça Princesa Isabel. Há cerca de 50 pessoas em pé dançando no salão.
Todos vêm bem-vestidos, muitos com o que os antigos chamariam de roupa de domingo. Alguns poucos vestem aquelas batas e túnicas bem coloridas, que poderíamos chamar de roupa-de-africano-do-centro.
Uma música alegre, solar e ritmada embala a todos. É um hino de louvor a Deus, cheio de aleluias e Jesus Christs, comandado por um casal de vocalistas, bateria, duas percussões, teclado e baixo. A música sempre foi usada para estabelecer alguma conexão com o divino, mas aqui parece que o ritmo é tão importante quanto a fé. Poderia ser uma festa étnica não fossem termos religiosos presentes na música.
A pessoa que parece ter menos coordenação é o pastor Jair Santos, o único brasileiro visível até o momento. Está no palco à esquerda do púlpito e em seguida vai dar início à cerimônia. É branco para os padrões brasileiros, mas talvez um barbeiro racista no sul dos Estados Unidos se recusaria a fazer sua barba.
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As bandeiras da Nigéria, de Israel e do Brasil decoram o fundo do palco. O pastor Fabian, de terno e gravata, também dança, embora de modo mais contido. Elegante, veste um terno cinza chumbo, camisa verde e branca com listras verticais. A gravata alterna verde escuro e preto em listras grossas inclinadas em diagonal. No pulso, um relógio grande prata, algo comum em muitos outros pulsos masculinos do salão.
A música dirige a todos, o ritmo cresce, as pessoas dançam ao ritmo da percussão. O som, forte, sai um pouco distorcido pelas caixas de som. O espírito é de alegria, uma maneira de existir religiosamente bem menos sóbria dos que os cultos aos quais os brasileiros estão acostumados. Depois de quase cinquenta minutos de música, o pastor, já no palco, posiciona-se em frente ao púlpito. Começa a missa bilíngue.
O pastor pede que todos se sentem mais a frente. Já são setenta homens – só cinco mulheres. Na busca do El Dorado brasileiro, são os homens que partem primeiro do continente africano.
Todos sentam.
Já são 11h20. Após poucas palavras de Fabian, quem abre a cerimônia é Jair. Do púlpito, fala em português, que em seguida é traduzido para o inglês. Ele conclama os presentes a darem seu testemunho. Cinco pessoas chegam à fila para dar o depoimento. Não sobem ao palco, ficam na mesma altura dos presentes.
Uma delas, ao microfone, diz em primeiro lugar aleluia. Veste calça branca, cinto vermelho, camisa preta estampada com bolinhas brancas e cavalos de corrida, além de um relógio grande no pulso. Óculos de aros grossos, cabelos bem curtos com uma forte entrada na testa, embora não aparente ter mais de 30 anos. Como quase todos tem a barba feita e um pequeno cavanhaque. Um ar de cantor pop.
O pastor Jair fala da própria saúde brevemente. Sobre como está saudável, dá os créditos de seu bem estar a Deus – a cura pela fé é um elemento constante nos cultos pentecostais. O poder de Deus é um conforto ao fiel e ao imigrante africano.
Uma criança – das duas presentes – pede para cantar uma canção. É uma menina cheia de trancinhas, de uns cinco anos. Todos se levantam e batem palmas para acompanhá-la.
Próximo do meio-dia o pastor nigeriano retorna ao púlpito. Agradece aos testemunhos e começa a entoar uma canção em um dialeto de algumas regiões da Nigéria chamado Edo. Diz algo como “Babaiê, casherebere…”. Todos cantam em pé.
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Na rua, o termômetro no meu celular marca 23 graus, mas no escritório do pastor Fabian Chukwubuikem Nwezay, 45 anos, em uma sala anexa ao templo, a sensação de calor é bem maior. Sentado numa dessas cadeiras típicas de escritório, Fabian estuda para o sermão do grupo de estudos bíblicos das quartas-feiras com cinco bíblias – duas nas mãos, três dispostas sobre um móvel branco do escritório. Há um computador na sua frente, desligado.
Um ar-condicionado portátil desbotado pela idade não dá conta de refrigerar o local. Do chão, um ventilador aponta na direção do pastor sem que a força do jato de ar mova as páginas leves das bíblias.
As paredes, o teto e a luz são brancos. Às costas de Fabian, ao lado de uma foto antiga da igreja, um mapa mostra a divisão da zona leste profunda de São Paulo. Aparecem bairros como Guaianases, Lajeado e Cidade Tiradentes. É um desses mapas comuns, cheios de quadradinhos de propagandas de pequenos comércios, mas há um sentido estratégico se pensarmos que a sala é também o QG central da expansão da igreja. Já existe um templo em Osasco, um no bairro Cidade Tiradentes e outro será inaugurado em Guaianases, com pregação em francês, para atender a comunidade haitiana. Um quarto local está sendo planejado – na Nigéria. É o resultado de 18 anos como pregador e de uma trajetória irregular na qual nem Deus nem o Brasil estavam em primeiro plano.
“Meus pais eram católicos e eu era apenas uma pessoa que frequentava a igreja. Eu não ia a procura de Deus, ia a procura de status”, diz.
Nascido em Nkerefi, no Estado de Enugu, no sul do país da costa Oeste da África, o pastor conta que, embora seus pais fossem ricos, teve uma infância e adolescência difíceis. “Apanhei. Meus pais me batiam muito. Eu era teimoso demais.”
Como seu pai era uma espécie de líder local, sua pretensão inicial era ser advogado e depois se tornar um político. Mas a vida mundana cheia de bebida, cigarro, pequenos roubos, mentiras e “fornicação” o desviavam de qualquer caminho que fosse. Sua vida religiosa se resumia a ir à igreja para mostrar roupas novas às mulheres.
Como é comum na biografia de muitas pessoas que tiveram experiências religiosas transformadoras, o auge da queda é o que precipita o momento do Grande Encontro com Deus. Foi o caso de Fabian, então com 24 anos, no dia 14 de abril de 1994.
“Eu entrei em uma igreja onde tinham umas 30 pessoas. O sermão do pastor era sobre o que pode impedir você de ir para o céu. ‘O quê, o quê?, eu me perguntava’. Saí de lá e algo havia mudado. Naquela noite, sozinho, pedi a Deus para que entrasse e mudasse a minha vida. Não queria mais viver daquela maneira. Daquele dia em diante, minha vida nunca foi a mesma.”
Ato contínuo, Deus se tornou uma obsessão para Fabian. “Evangelize, me disse Deus no segundo dia.” Suas ambições morreram e a paixão pelo Senhor só crescia. Pouco tempo depois, partiu para estudar em uma escola bíblica na cidade de Benin, mais para o Oeste, sob os auspícios do Arcebispo Benson Idahosa. “Eu amo Deus, não o dinheiro. Se você me disser, ‘aqui pastor, tome as Casas Bahia para você’. Vou responder que não quero. Eu estou feliz com o que faço aqui.”
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A experiência de renascimento, de aceitação de Jesus na vida, faz parte do padrão do religioso pentecostal. “O batismo com o Espírito Santo é um revestimento de poder. A conversão seria o momento do novo nascimento”, diz Clayton Guerreiro, pesquisador de religiões pentecostais do Cebrap (Centro Brasileiro de Análise e Planejamento).
Quando o pentecostalismo chegou ao Brasil, em 1910 e 1911 (os estudiosos, como sempre, divergem na data), tinha como marca a glossolalia, que é a capacidade de falar línguas desconhecidas durante o transe religioso. A partir dos anos 1950, o pentecostalismo começa a ter como foco a cura divina e os milagres, o que tornou o movimento mais competitivo na disputa por fiéis. Deus é Amor, Assembleia de Deus, Evangelho Quadrangular, entre outras, são exemplos de igrejas do período.
Há mais uma importante mudança que precisa ser mencionada. Nos anos 1980, um novo movimento religioso assentado no tripé cura, prosperidade e exorcismo ganhou força. É o neopentecostalismo, ou terceira onda pentecostal, cujo expoente é a Igreja Universal do Reino de Deus e que guarda pouca semelhança com o movimento dos anos 50. Exceto pelo foco na cura.
“Eu ia morrer, mas fui curado pela igreja”, me diz Iyke Chukwu, que também está na sala conversando com o pastor. Há cinco anos no Brasil, ele frequenta a igreja há quatro. Mora no bairro São Mateus, na zona leste. “Fiz muitas operações no estômago na Nigéria, fui a vários hospitais, mas nada adiantou.” Ele levanta as duas camisetas que veste – uma cinza mais larga por fora das calças e uma branca e justa por dentro – e mostra uma cicatriz em “S”, de quase dois palmos, que serpenteia sua barriga. “Eu amo essa igreja”, diz.
A vinda de Fabian ao Brasil foi errática. “Eu estava servindo uma igreja na Nigéria de um pastor que morava nos Estados Unidos. Preguei lá por dois anos, mas quando ele voltou só achava defeitos no nosso trabalho, embora a comunidade tivesse crescido.”
Fabian conta que partiu para trabalhar em uma igreja que tinha 10 membros. Depois de oito meses, o número de fiéis foi para quase 70 pessoas. O novo templo era filial de uma igreja fundada por um missionário nigeriano no centro de São Paulo em 2001, a Comunidade Cristã Internacional. Daí para o convite de pregar no Brasil foi rápido.
[olho]”Depois de um ano, o inimigo veio. Houve novas disputas dentro da igreja e decidi sair”[/olho]
No país, trabalhou por um ano na igreja na Avenida Rio Branco, a primeira do gênero na cidade. Em seguida, foi servir um novo ministério na rua dos Timbiras, também no centro. “Depois de um ano, o inimigo veio. Houve novas disputas dentro da igreja e decidi sair”, lembra Fabian. Sem poder voltar para a Nigéria, em junho de 2011 ele decidiu fundar o próprio ministério.
O pastor mexe no celular Motorola e ao mesmo tempo conversa com Iyke, segura duas bíblias no colo e faz anotações sobre o sermão com uma caneta azul em umas folhas brancas de rascunho. O som das mensagens chegando é constante.
Dentro da sala, há oito sacos de arroz de cinco quilos e dois refrigerantes da marca Tubaína, que serão usados no almoço coletivo de domingo que sempre ocorre depois da missa.
Há uma porta dentro da sala com dois avisos escritos em papéis brancos separados no terço superior. Um, escrito com canetinha hidrocor azul, manda “Manter a porta fechada”; o outro, em preto impressora, avisa em caixa alta “BANHEIRO QUEBRADO”. Ambos na mesma porta marrom sem maçaneta.
Antes de começar o sermão, o pastor abre a porta, acende uma luz azul neon, fecha a porta, faz xixi. Puxa a descarga e sai para falar com os 16 fiéis presentes no grupo de estudos bíblicos. O sermão da noite será sobre Lúcifer e o pecado do orgulho.
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“PRAY, PRAY, PRAY”, pede o pastor na missa de domingo.
“Ora, ora, ora”, tenta acompanhar a tradutora, uma mulher muito bem vestida vinda de Camarões.
Fabian conclama todos a encontrar pares e rezar junto. Ecoa pela sala uma espécie de murmúrio geral na qual só possível identificar por vezes uma palavra: Jesus Christ.
Não sou ignorado. Dou as mãos a alguém que ficou sem par e me convida a rezar. Isso acontece três vezes.
“Pray, pray, pray, pray”, repete o pasto com rapidez e intensidade.
Todos rezam, movimentam-se, como se expressassem fisicamente a palavra divina. Há duas brasileiras no templo. Mais contidas, elas pouco se movem. Rezam paradas, quietas.
A capacidade das cordas vocais do pastor parece um milagre. Do púlpito, ele fala com força e intensidade constante. Gesticula, sobe e desce do palco, altera o andamento do sermão, brinca, faz piadas e pede para os fiéis recitarem versículos da Bíblia.
Em um momento de humor, ele abençoa a tradutora que tem um português muito fraco e grande dificuldade em acompanhá-lo.
Dois homens cuidam das duas portas da igreja que dão para os dois corredores paralelos desenhados pelas disposição das cadeiras em três fileiras. Eles ficam nas portas, mas circulam pelo ambiente com uma manta azul celeste no pescoço onde se lê “International Assembly”.
Um deles, alto e gordo, tem uma cicatriz de uns bons dez centímetros na parte direita do rosto. Começa no centro da bochecha e corre pela lateral até o encontro do pescoço com o queixo. Ele circula conferindo se alguém está no celular, mas também leva água a quem pede. É sério, mas de modo algum ameaçador. Conversei com ele uns dias mais tarde, mas não quis me dizer seu nome. Está há dois anos no Brasil, agora sem emprego. Deixou a família na Nigéria e se pudesse voltaria o quanto antes. Tem saudades de casa.
O tema do sermão é a maldição da pobreza. Em parte, o sucesso das igrejas pentecostais ocorreu por oferecer aos fiéis respostas mais diretas aos dilemas imediatos do cotidiano. A salvação e a prosperidade podem e devem ser durante a vida terrena, que pode ser operada pela entrega total a Deus. As questões do espírito depois da morte nem são mencionadas.
“Se você é um jogador, você não pode ser bem sucedido, você não pode prosperar”, diz o sermão.
Fabian passa os olhos em um papel no púlpito ao lado da Bíblia, que o auxilia na condução do sermão. O jogo de apostas é condenado por ser a mentalidade de um homem pobre.
Ele cita a Bíblia. Provérbios capítulo 23, versículo 21: “Porque o beberrão e o comilão acabarão na pobreza; e a sonolência os faz vestir-se de trapos”.
Assim, entre citações e pregações, ele vai construindo sua mensagem sobre os riscos da queda que, em outro contexto, poderia ser uma conversa sem base religiosa. Drogas, bebida, ressentimento com quem possui mais e arrogância de quem tem mais são temas, enfim, que habitam o universo de todos, mas são mais sensíveis a uma população de imigrantes que chega ao Brasil sem estrutura e constrói seus laços a partir da igreja.
O que ele faz é reforçar os valores que ajudam no desenvolvimento de uma pequena comunidade. Em um certo sentido, a função da igreja é ministrar doses de um controle social interno.
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“Um abismo chama o outro”, me diz a pastora da igreja da Cidade Tiradentes, Monica Almeida, depois de uma missa celebrada por ela na igreja da rua Guaianases, no centro. Ela acha que a população da favela sofre preconceito pelo local onde vive e que o imigrante sofre em dobro.
Monica, 33, conheceu o pastor Fabian cinco anos atrás no Monte da Luz, uma espécie de ponto de devoção de evangélicos em Embu das Artes, região metropolitana de São Paulo. Desde então, abandou a igreja Deus é Amor, onde seus pais são pastores, para se dedicar ao projeto do pástor – ela usa a mesma pronúncia dos imigrantes. Foi sua assistente pessoal para resolver os vários trâmites burocráticos de abrir uma igreja e há um ano comanda as missas na Cidade Tiradentes.
[olho]”Na cultura deles, a mulher não tem tanta voz. Ela não trabalha. Mulher cuida da casa e dos filhos”[/olho]
Ela não se incomoda que algumas pessoas vão aos domingos apenas para comer ou que nem sequer professem a fé cristã – na Nigéria metade da população é cristã, a outra é muçulmana. “Meu papel nessa história é pregar a palavra de Deus, que é forte e é universal. Quando eu estou pregando sinto que está todo mundo ali como um ser humano, sem cor, religião ou raça.”
Não que não existam problemas. Para a pastora, a tradição dos imigrantes é bastante machista. “Na cultura deles, a mulher não tem tanta voz. Ela não trabalha. Mulher cuida da casa e dos filhos.”
Ela diz que nunca teve problemas em relação a sua autoridade e que acha que muitos dos fiéis a enxergam como uma figura masculina por ser uma autoridade espiritual. “Quando eles viajam e voltam, muitos me trazem um presente. O engraçado é que eles me trazem sempre um perfume masculino.”
Uma das raras brasileiras presentes, a cabeleireira de 40 anos Fabíola Roos acha que os homens nigerianos são “um pouco estúpidos”. Ela sabe. Conheceu o ex-marido em outra igreja africana – existem sete no centro –, mas agora está separada. O marido voltou para a Nigéria, onde tinha outra família. Fabíola cuida da filha de dois anos que teve com ele e de outra menina de 10 que o pai deixou com ela quando saiu do Brasil.
A relação entre homens nigerianos e mulheres brasileiras é delicada. A tese do pastor Fabian é que na Nigéria a cultura é de que homem seja o chefe da casa, enquanto no Brasil ocorre o contrário. Quando decidiu casar, ele disse a uma irmã que queria uma esposa nigeriana. Em uma espécie de Tinder do compromisso definitivo, ele e a futura esposa, Jeniffer, se conheceram por fotos. Gostaram do que viram e deu match – por arranjo das famílias, casaram-se. Em dezembro de 2011, Jeniffer desembarcou no Brasil para conhecer o marido.
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O volume é muito alto. São quatro caixas de som preenchendo o templo com decibéis religiosos. O salão está praticamente cheio, todos os ventiladores estão desligados, mas os quatro splits dão conta do recado. Os homens de lenço azul distribuem aos presentes envelopes para a doação. Fabian reforça a importância da doação repetidas vezes. A justificativa: precisam de recursos para a nova igreja em Guaianases.
Ao mesmo tempo, o sermão passa a falar mais sobre a prosperidade. Pulam frases como “aquele que não gosta de trabalhar vai enfrentar a pobreza” ou “se você bebe, é preguiçoso ou descuidado, você não vai prosperar” e ainda “outra maneira de ser pobre é estar desesperado para ser rico”. O tempo da tradução fica sempre em descompasso com a fala do pastor.
Recebo um envelope e recuso os demais. Coloco R$ 20 dentro. Todos colocam o dinheiro com discrição. É totalmente anônimo.
A oração acaba por volta das 14h. Começa a música e o momento da entrega das doações. As pessoas vão saindo dos lugares até formar uma fila em um corredor no qual na ponta está o pastor. A música segue e as pessoas vão dançando até ele para depositar os envelopes em uma caixa de plástico e receber a benção individualmente.
Fabian coloca as mãos na cabeça dos fiéis e diz algumas palavras. Em seguida, molha uma das mãos em alguma substância líquida, aparentemente água com mel, e passa sobre a testa de cada um. Ao mesmo tempo, a música embala o salão. Todos cantam e dançam.
A esposa do pastor e mais uma mulher comandam a cantoria. Dançam juntas. Depois da benção do dízimo, o pastor dança também. Ergue os braços para cima e leva-os para esquerda e para direita, fazendo uma paradinha de um tempo em cada lado. Os demais o copiam, como naquele hit do padre Marcelo do final dos anos 90 que dizia “erguei as mãos e dai glória a Deus”.
Por detrás do púlpito, o pastor Fabian Nwezay puxa seis hallelujahs fortes. Todos respondem. E assim acaba a missa africana.