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Quem é quem no mundo dos talk shows

As inspirações gringas dos estreantes Marcelo Adnet e Fábio Porchat

Na mesma semana, Record e Globo decidiram lançar seus dois novos talk shows: a primeira emissora foi de Fábio Porchat, e a segunda, de Marcelo Adnet. Os dois canais tentam emplacar na televisão brasileira um programa no estilo que tanto faz sucesso nos Estados Unidos e que, por aqui, não faz muito verão — tínhamos, até então, só Jô Soares e Danilo Gentilli como apresentadores, e nenhum talk show incrível. Como nesses casos convidados importam, e muito, Adnet sai com a vantagem de poder entrevistar contratados da Globo. Mas Porchat pode achar seu nicho: na TV estrangeira o que não falta são modelos de talk shows.

Entrevistas, brincadeiras, esquetes, convidados interagindo ou não, e até um pouco de álcool fazem parte do cardápio dos talk shows americanos ou britânicos. Elaboramos um pequeno guia para você saber quem é quem na noite televisiva.

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Jimmy Fallon é o bonzinho do grupo. A companhia perfeita pra uma mesa de bar ou, melhor ainda, uma noite de jogos. Se você precisa de um parceiro de mímica, vá com Jimmy Fallon. Também é o talk show mais musical do grupo. No programa dele você vai descobrir que Paul Rudd nasceu para dublar músicas, que Christina Aguilera faz uma imitação perfeita de Britney Spears e que as celebridades estão dispostas a fazer uma quantidade absurda de coisas idiotas na televisão. Se você quer uma entrevista boa e não só uma historinha engraçada, Jimmy não é o cara. Ele não consegue conversar dois minutos sem dar risada (falsa, na opinião de alguns) e só diz coisas gentis para as pessoas, inclusive para Donald Trump. Mas está sempre aberto a fazer um papel de bobo e, não à toa, é o rei dos vídeos virais e da audiência.

Durante cinco anos Seth Meyers apresentou o resumo da semana “Weekend Update” no “Saturday Night Live”, onde também fazia esquetes. Dá pra ver que essa experiência foi aproveitada em seu talk show. As entrevistas de Seth não são a melhor parte do programa. Os destaques são as cenas curtas que ele faz e seus comentários políticos satíricos feitos como se ele fosse um apresentador de telejornal. É lá que você vai ver, por exemplo, como seria se Jon Snow, de “Game of Thrones”, fosse a um jantar na casa de Seth. E é também possivelmente o melhor talk show pra se informar sobre as notícias da semana.

James Corden é um inglês fofíssimo e ainda meio novo no mundo dos talk shows — ele começou o seu no ano passado. Como Jimmy Fallon, ele não tem medo de se colocar em situações ridículas e de fazer piadas consigo mesmo (conversando com Matt Damon, disse que o maior elogio que tinha recebido era: “Você parece o Matt Damon gordo”). James ainda é menos famoso que seus concorrentes e, talvez por isso, receba menos celebridades. Em compensação, seu formato é dos mais originais: os convidados são recebidos de uma só vez e interagem entre si, como numa sala de estar. Corden também aprendeu com Fallon que sucesso na internet é tão importante quanto audiência na TV, e já tem dois quadros de sucesso: Carpool Karaoke, em que ele canta com seus convidados num carro, e Drop the Mic, uma batalha de rap em que ele insulta algumas celebridades.

Jimmy Kimmel, assim como Jimmy Fallon, sabe como fazer conteúdo bom para internet, não só para a televisão. A diferença é mais de estilo: Kimmel geralmente faz a piada com os outros, mas não se coloca nela –seu quadro mais famoso envolve celebridades lendo tweets malvados sobre si. Kimmel gosta de expor a burrice das pessoas na rua (exemplo, questionar transeuntes sobre coisas que nunca aconteceram. Spoiler: elas respondem como se soubessem do que ele está falando) e pedir a opinião de crianças sobre as coisas. É também capaz de sustentar piadas por muito tempo. Tem uma “briga” com Matt Damon que dura mais de dez anos e é uma das melhores coisas em seu programa.

Graham Norton é um irlandês cheio dos trejeitos cuja principal característica é fazer entrevistas com várias pessoas de uma só vez, sentadas num sofazão, como no programa de James Corden. Mas Norton acrescenta ainda uma dose de álcool. É lá que você verá Jake Gyllenhaal, Emilia Clarke e Cara Delevingne (por que essas três pessoas juntas?) brigando pra ver quem tem as melhores sobrancelhas. É onde Tom Hiddleston pode mostrar a Robert De Niro sua imitação de Robert De Niro. É onde Matt LeBlanc tem que explicar para Rebel Wilson e Kit Harrington a trama de “Friends” antes de cantar duas músicas de Joey na série. O cenário é hipercolorido, as pessoas bebem enquanto conversam e a experiência é às vezes bem surreal.

Stephen Colbert ainda é um enigma. Ele interpretava um cara superconservador na TV paga e migrou para a TV aberta no ano passado, ocupando o lugar de David Letterman, sem a máscara de seu personagem. Seus primeiros programas prometiam um Colbert mais afastado do entretenimento: menos atores, mais políticos e juízes. Mas sem a mordacidade de seu personagem, não engrenou muito e tem perdido para Seth Meyers no quesito “fazer humor com as notícias”. Depois que o sinal de alerta se acendeu na emissora, Colbert tem melhorado, trazendo de volta, inclusive, quadros de seu antigo programa. Tem alguns poucos quadros fixos com celebridades, como um em que debate com elas questões bizarras (do tipo: o que faz o Papai Noel quando não é Natal?).

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