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Um papo reto sobre
‘X-Men – Apocalipse’

O novo filme dos X-Men estreia nesta semana, né?
Sim, na quinta (19). “X-Men – Apocalipse”.

E aí, é tão bom quantos os últimos?
Nossa, não.

Mas é ruim?
Não chega a ser ruim, ruim. Mas é bem médio. Pra se ver uma vez na vida — no avião, se não der pra ver no cinema.

O filme tem o Oscar Isaac, não? Como pode ser ruim?
Sim, ter o Oscar Isaac costuma ser ótimo, mas nesse caso não é tão legal na prática quanto parece na teoria.

Mas é o Oscar Isaac.
Verdade, mas…

Ai, jura?
Infelizmente. É um desperdício de Oscar Isaac.

Por quê?
Bom, pra começar a gente só vê o Oscar Isaac de verdade durante uns 30 segundos, no comecinho do filme. Depois ele aparece todo azul — mas não de um jeito legal, tipo Noturno azul, ou Fera azul ou Mística Azul (tem muita gente azul nesse filme). É um azul meio tosco, meio vilão dos Power Rangers. Você escala o Oscar Isaac, o namorado dos sonhos de metade da internet, e deixa ele irreconhecível! Seria ok se a maquiagem fosse bem feita, se o Apocalipse desse medo, fosse imponente. Mas não. Longe disso.

Ok, tudo bem que a aparência dele não seja das melhores, mas e o papel? Deve ser um bom vilão, né? Afinal, é o Apocalipse. Não faz sentido escalar o Oscar Isaac se for pra cobri-lo completamente e ainda ser um papel ruim.
Concordo, não faz sentido mesmo. Mas a vida é assim. As motivações do Apocalipse não chegam a ser incompreensíveis como as do Lex Luthor em “Batman vs. Superman” e esse é o maior elogio que podemos fazer a ele.

Mas qual é a dele?
A história começa no Egito antigo, com o En Sabah Nur, o primeiro mutante da Terra, adorado como um Deus. Ele é hiper poderoso e consegue transferir sua consciência de um corpo pro de outro mutante. Assim, ele fica eternamente jovem e ainda consegue pegar os poderes da pessoa. No comecinho do filme ele se transfere para o corpo do Oscar Isaac, só que durante essa passagem ele é traído, acaba soterrado e passa milênios debaixo da terra, adormecido. Esses são os primeiros cinco minutos do filme.

Certo, e aí?
Aí ele acorda nos anos 1980 de uma forma bem idiota que vamos deixar passar porque é spoiler. Ele acorda meio chocado com o fato de que os humanos estão dominando a Terra e resolve acabar com o mundo e recomeçar do zero com os mutantes que estiverem do seu lado. O plano não é lá muito elaborado mesmo: recrutar uns mutantes pra ajudá-lo (apesar de que ele conseguiria fazer tudo sozinho), tocar o terror e destruir tudo.

E esse En Sabah Nur é o Apocalipse?
Isso, apesar de não se referir a si mesmo assim. Quando a Moira MacTaggert, da CIA, vai explicar qual é a dele pro Professor Xavier, ela diz que ele é capaz de causar um… Apocalipse.

Uau.
Sim.

Continua.
Certo. O Apocalipse sempre tem quatro capangas mutantes. A primeira que ele recruta é a Tempestade, no Egito mesmo. Além do poder dela de controlar o clima, é a primeira mutante que ele encontra, então faz sentido ele trazer ela pro time. Entre os poderes do Apocalipse está fortalecer o poder dos outros e criar uniformes super legais. Depois de deixar a Tempestade mais forte e, no processo, deixar o cabelo dela branco, eles viajam e encontram a Psylocke, que também se junta a eles — apesar de ela não acrescentar muito ao time. É ela quem apresenta o Anjo, que é ainda menos relevante como guarda-costas de um vilão tão poderoso — tipo muito poderoso mesmo. Quase nem tem graça ver um vilão desses em ação.

Pô, mas legal, eu adoro esses personagens novos!
Não se anime muito, cada um deles tem tipo três falas no filme todo. O capanga que importa mesmo é o Magneto.

Por que eles escolhem o Magneto?
Não fica muito claro. Mas deve ser porque ele ficou famoso no último filme, depois de tentar assassinar o presidente americano. Não questiona muito, vai.

Ok.
Agora que esses quatro mutantes estão mais fortes e bem vestidos (com exceção da Psylocke, que podia estar menos “sexy” e mais confortável pra lutar), eles resolvem ir atrás do Professor Xavier. O Apocalipse é quase onipotente, mas ele acha o poder do Xavier o máximo e quer isso pra ele. Então ele vai atrás do Xavier e é aí que entram na história Mística, Fera e Mercúrio — que já apareceram nos dois últimos filmes da série — e Ciclope, Jean Grey e Noturno, que lutam pra destruir o Apocalipse.

É bastante personagem.
Sim, e é feito de um jeito em que nem todas as histórias ganham o espaço que merecem. É tudo bem corrido, muitas tramas diferentes.

Mas todos se encontram numa grande luta final?
Isso mesmo.

Então, no fim, tem vários super-heróis lutando uns contra os outros? Parece que eu já vi isso antes.
Sim, só neste ano aconteceu com o Batman e o Superman e com uma dúzia de heróis em “Capitão América: Guerra Civil”.

E esse filme tá mais pra Batman ou Capitão América?
Rapaz, bem no meio. No “Guerra Civil” a gente conhece bem todos os personagens e dá pra entender tanto as motivações de cada lado quanto as consequências dessa briga. Nesse X-Men não dá pra entender exatamente o que leva os capangas do Apocalipse (com exceção do Magneto, cuja versão Michael Fassbender já conhecemos de outros carnavais) a se juntarem a ele. O conflito simplesmente não é muito interessante. Não que seja uma briga totalmente sem pé nem cabeça, mas é só… um pouco previsível. Dominar o mundo é um plano genérico. O objetivo do Apocalipse é bem parecido com o do Cérebro de “Pinky e o Cérebro” em nível de profundidade.

Que desperdício de Oscar Isaac.
Nem me fale.

Tá, e a parte boa do filme?
As atuações são boas, apesar de o roteiro ser bem mais ou menos. O “bromance” entre o Magneto de Fassbender e o Professor Xavier de James McAvoy continua forte e os dois fazem o que podem com a história que recebem. Os novos atores também estão bem, principalmente aqueles do time Xavier, que têm mais tempo de cena. É legal ver o começo da relação do Ciclope com a Jean Grey, ver a Tempestade ganhar seu cabelo branco e ver o Professor Xavier finalmente ficar careca. O Mercúrio de Evan Peters também é bem legal, apesar de sua melhor cena ser repetida de “Dias de um Futuro Esquecido”.

Aquela em que ele vai mexendo nas coisas enquanto tudo está em câmera super lenta?
Essa mesmo. Foi a melhor parte do último filme e a demonstração dos poderes dele é um dos destaques desse. O papel não é dos maiores, mas Evan Peters mostrou que tinha carisma e humor lá em 2004 no filme tão ruim que chega a ser (quase) bom “Dormindo Fora de Casa” (que também tem a atual vencedora do Oscar Brie Larson, surpreendentemente) .

Peraí, não muda de assunto. E as lutas? São boas? Diz que sim?
Olha, pra quem gosta de destruição (pontes caindo, prédios indo pelos ares, explosões variadas) é um prato cheio. Tem muitos efeitos especiais — julgue como quiser. O trailer dá uma boa ideia.

Ok, então no fim das contas, é pra eu ver ou não?
Vá ver, claro. Você não vai sair achando que gastou duas horas e meia da sua vida à toa. Mas, como na primeira trilogia de “X-Men”, o terceiro é o pior. Depois de “Primeira Classe” e “Dias de um Futuro Esquecido”, e depois de filmes como “Deadpool” e “Capitão América: Guerra Civil” lançados neste ano, a gente esperava mais.