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As melhores músicas de 2015

De “Hotline Bling” a “Benny e Brown” sem medo de ser feliz.

Quem chegou primeiro: o presépio do menino Jesus ou as listas de fim de ano? Difícil dizer, mas chegou aquele momento em que todo mundo dá aquela olhada pra trás e vê o que de melhor (e pior) aconteceu. Nos próximos dias, publicaremos uma série de listas sobre os filmes, séries, discos, músicas e livros que nos marcaram em 2015.

Ontem já contamos quais foram nossas séries favoritas do ano. Hoje, falaremos das melhores músicas de 2015. Novamente, não é um ranking, apenas as que mais nos agradaram. A diferença aqui é que há duas listas na lista: primeiro, as melhores nacionais do ano, depois as melhores internacionais. Vai vendo:

NACIONAIS

Rodrigo Ogi – “Virou Canção”

O disco do Ogi é um dos melhores do ano e conseguiu a façanha de agradar desde a rapa do rap nacional até a galera que por muito tempo ignorou o rap e agora percebeu que tem muita coisa boa (demorou, mas aconteceu). “Virou Canção” é o símbolo disso: um assunto comum ao rap nacional (a perda dos parceiros durante a vida) contada em uma letra fenomenal, interpretada de forma emocionada por Ogi (“parte de mim falece / e esse dia na deprê eu não fui na quermesse / mas recebi uma proposta que a cobiça cresce / peraí, tava ali, um jeito de impressionar Magali”) e que, de quebra, ainda conta com a participação de Thiago França no sax quebrando tudo e fazendo muitos olhos encherem com a nostalgia daqueles que se foram. [Leo Martins]

Aláfia – “Salve Geral”

“Com a nossa rapa você não é capaz”. “Corpura”, novo disco da super-banda Aláfia, é um manifesto, uma causa, um evento. A música de abertura “Salve Geral” é uma paulada logo de cara para você arregalar os olhos e prestar atenção em cada palavra, cada acorde, cada momento do que vem na sequência. [LM]

Naldo & Mano Brown – “Benny e Brown”

https://www.youtube.com/watch?v=7Sd7o7YxRNQ&feature=youtu.be

“Quando o funk chegou a São Paulo, falei para os rappers: ‘Vocês vão ficar para trás, estão escrevendo música para a minha avó ouvir’.” Que falou isso para O Globo foi Mano Brown que, mesmo tendo lançado um disco novo do Racionais no ano passado, parece não estar mais tão em paz com o rap. Por isso foi até o Rio de Janeiro e fez uma parceria improvável com o Naldo Benny, que faz parte de seu disco “Sarniô”. A letra é cheia de momentos e homenagens curiosas – de Emerson Sheik até Romero Britto –, mas esse funk meio trap segura bem no refrão e a parte do Brown é, como de costume, uma aula de métrica e flow. Como ele mesmo disse na mesma entrevista ao Globo, “o funk é revolucionário, doa a quem doer”. [LM]

Jads & Jadson – “Toca um João Mineiro e Marciano”

Artistas como Lupicínio Rodrigues, Dolores Duran e Maysa já expressavam em suas canções o sentimento chamado de “fossa”. “Toca um João Mineiro & Marciano” aborda intensamente esse desespero da desilusão no relacionamento, “afogado” na mesa do bar. Não há enredo, personagens, mas apenas a ambientação do porre, do barman desconfiado com uma suposta inadimplência, da jukebox com o hit antigo, dos primórdios do sertanejo romântico. Ele a traiu? O pai dela é coronel? Ele foi pego perambulando pelo Tinder? Nunca saberemos. A música traz uma experiência bastante inovadora, Jads & Jadson são um upgrade às duplas caipiras das décadas de 60 e 70. Há um distanciamento do frescor pop dos demais nomes do sertanejo dito universitário. O clipe da canção é magnífico e, além da homenagem na letra, traz o próprio Marciano em sua exótica indumentária, que remete à figura do Dr. Fu Manchu. [Marcelo Daniel]

INTERNACIONAIS

Drake – “Hotline Bling”

Se não é a música do ano, tá ali nas primeiras posições. É aquele hip hop pop que todo mundo acaba consumindo, com uma letra fácil de grudar, um refrão, um papo de “ei, mina, que isso” típico de quem tomou um pé na bunda e acha que pode ficar palpitando na vida dos outros, e um clipe que instantaneamente virou máquina de piadas por causa das dancinhas do Drake. É o tipo de música que você ouve desde o carro rebaixado na quebrada até a festa descolada lotada de gente branca. Ou seja, tem tudo que um hit precisa. [LM]

Kendrick Lamar – “Alright”

Kendrick não fez só o melhor disco do ano. Ele criou hinos. “Alright” é uma delas, uma música sobre ser negro na América, sobre ser cristão na América, sobre pecar na América, sobre o demônio na América. “All my life I has to fight, nigga”. Além do peso que a canção teve nos EUA em um ano de tantos protestos contra a violência policial contra os negros no país, Kendrick ecoa todas as suas habilidades como rimador, escritor e poeta. Para completar, a música recebeu um dos melhores clipes do ano, com peso, humor e força merecidos. [LM]

Jamie XX – “I Know There’s Gonna Be (Good Times)”

A música mais VIBES de 2015 é de alguém que costumava tocar músicas meio tristes no The xx. O disco do Jamie XX não é uma obra-prima, mas “I Know There’s Gonna Be (Good Times)” é das melhores coisas que aconteceram em 2005, com dois dos rappers de inglês mais difícil de entender (Young Thug, com seu flow solto, e Popcaan) e um refrão que, espero, seja o mote de 2016. [LM]

Justin Bieber – “Sorry”

2015 foi o ano em que boa parte das pessoas tentou se justificar perante algumas músicas do disco novo do Justin Bieber. Não precisa se justificar não, galera. O disco tem boas músicas mesmo. “Sorry” é a melhor delas, com uma produção impecável, uma letra bestinha mas grudenta, e um refrão ótimo. O menino cresceu, aceitem. [LM]

The Internet – “Girl”

Syd the Kid, a mina de 20 e poucos anos que dominou o disco “Ego Death”, do The Internet, é foda. Ela espalha sua habilidade durante o disco todo e se sobressai de seus parceiros. Mas é “Girl”, que ela criou junto com outro jovem prodígio, o produtor KAYTRANADA, uma das melhores músicas-xaveco de 2015, que Syd exibe sua voz, seu flow suave, e dá a letra na garota dos seus sonhos, que ela quer que seja sua namorada, e quer muito. [LM]

Sufjan Stevens – “No Shade in the Shadow of the Cross”

Toda vez que você duvidar que o Sufjan Stevens vai dar uma nova facada no seu coração, ele chega lá e PLEI. Aconteceu de novo com “Carrie & Lowell”, o disco-homenagem para sua falecida mãe. O fenômeno ocorre por diversas faixas, mas “No Shade in the Shadow of the Cross” é uma música tão simples e poderosa, dessas que faz você ficar em silêncio, repensando diversos momentos, acontecimentos, histórias. E lá pros últimos versos ele ainda canta os versos “There’s blood on that blade / fuck me, I’m falling apart” e, putz, dói. [LM]

Beach House – “Space Song”

Dream pop é um nome esquisito para estilo musical, né? A única banda que consegue fazer realmente jus ao termo é o Beach House. A banda lançou dois discos esse ano, os dois com a mesma pegada de fim de tarde na praia, aquela moleza depois do Sol e de algumas latinhas de danone. “Space Song”, do álbum “Depression Cherry”, mantém a história do Beach House em seus primeiros discos, com aquela dose de melancolia misturada com uma certa felicidade, aquela sensação de que, bem, uma hora as coisas vão dar certo, né? [LM]

Joanna Newsom – “Leaving the City”

“Leaving the City” é a música mais completa, complexa e surpreendente do novo disco da Joanna Newsom, “Divers”. A elfa toca a harpa, mostra todos os traços de sua voz e, de repente, quando você acha que a toada será a mesma, entra uma bateria marcada, uma guitarra nervosa, como é bom uma guitarrinha nervosa assim, diz aí. [LM]

Sángo – “Não Falo” (Feat. MC Nem)

O Sángo já lançou três beat tapes em homenagem à favela mais conhecida do Rio de Janeiro. O cara realmente pirou no funk carioca e curtiu fazer várias misturas com elementos de trap. “Não Falo” é uma mistura desses dois mundos: o beat do funk, o vocal acelerado, e os recortes precisos do produtor. É pura curtição. [LM]

The Weeknd – “Can’t Feel My Face”

Lembra Michael Jackson, não lembra? Com um cabelinho doido, mas lembra. A música que uniu todas as tribos em 2015. [LM]

Kanye West – “All Day”

O disco ainda não veio, mas o ano não passou batido para o Kanye West. E “All Day”, a primeira parceria com Paul McCartney, é uma paulada. É forte, tem letra, o refrão curto e rápido do Allan Kingdom tem impacto, o Beatle no final é incrível e, para completar, essa apresentação no Brit Awards foi com vantagem a melhor do ano. [LM]

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